Degoogle Yourself – Ou como escapar da google – Capitulo 1 de ….

Olá a todos,

Prefácio: Algum tempo atrás iniciei uma sequencia de posts de como largar de vez a google e os seus serviços. A verdade é que tendo um ambiente de self-host, podemos e muito reduzir a perto de nada a dependência da google, aumentar a nossa capacidade técnica, e sobretudo garantir que os nossos dados não são trabalhados em proveito de terceiros para fornecer publicidade. Está portanto mais que na hora de continuar ditos posts.

Estão cada vez mais altas as vozes que falam exatamente como eu neste ponto. A google tornou-se numa empresa tóxica, precisamente o contrario do seu lema no passado: do no evil.

Uma dessas vozes, do  David Heinemeier Hansson, fez um post que inclusive apareceu na TLDR. Neste post, ele sublinha que a google decidiu matar tudo o que fez da google grande, desde que não a possa inundar de anúncios e receber milhões de lá.
Não me interpretem mal. As empresas precisam de dinheiro para crescer, investir e florescer. Neste caso em particular, o que se passa na google está a relembrar os idos anos de 2000 quando a HP caiu nas mãos da Carly Fiorino. Todos nós sabemos como isso acabou para a HP, Compaq e tanta tecnologia que morreu por capricho.
E não nos esqueçamos que a google em 2022 fez 279.8 mil milhões de dólares. Não está propriamente em dificuldades.

Assim sendo, neste primeiro post, vou dar a minha opinião sobre por que é crucial repensarmos essa dependência e fornecer algumas sugestões sobre como começar essa jornada rumo à privacidade e proteção de dados.

É importante entendermos por que a questão da privacidade é relevante.

Se o serviço é gratuito, lembrem-se sempre que são vocês o produto.

A google e outras gigantes da tecnologia guardam uma quantidade imensa de dados sobre nós, desde nossas pesquisas na internet até nossos hábitos de consumo. Estes dados são utilizados para criar perfis detalhados, que são vendidos a anunciantes e utilizados para nos direcionar anúncios personalizados.
Além disto, com tanta informação sobre nós, existe sempre o risco de que esses dados possam ser acedidos por governos ou atores maliciosos, comprometendo nossa privacidade e segurança.

Então, como nos começarmos a nos livrar desta dependência? Aqui estão algumas sugestões:

  1. Alternativas de pesquisa

    Comecem por substituir o Google como o vosso search engine padrão.
    Existem opções como o DuckDuckGo e o Startpage, que não fazem tracking de uma forma ativa das nossas atividades e protegem a nossa privacidade. Estes motores de busca fornecem resultados relevantes, sem comprometer de forma tao gritante a nossa segurança.

  2. Utilizem um browser seguro

    Optem por um browser que valorize a vossa privacidade. O Mozilla Firefox e o Brave são exemplos populares que possuem recursos avançados de bloqueio de tracking e proteção contra scripts maliciosos. Eles também oferecem igualmente extensões úteis para aumentar a nossa privacidade online.

  3. Prefiram um email seguro

    Considerem abandonar o gmail e optar por serviços de email mais seguros e privados, como o ProtonMail ou Tutanota. Estas plataformas fornecem criptografia de ponta a ponta e garantem a confidencialidade das suas mensagens.
    Em alternativa, e se desejarmos *mesmo* ter controle total sobre o nosso email e evitar depender de provedores de terceiros, pode optar por fazer self-hosting do seu próprio servidor de email. No entanto, é importante observar que isso requer um conhecimento técnico mais avançado e a configuração adequada para garantir a segurança, privacidade e disponibilidade dos dados.

  4. Armazenamento em cloud

    Deixem de usar o Google Drive para armazenar os vossos documentos sensíveis. Em vez disso, escolham serviços de nuvem que se preocupem com a privacidade, como o Nextcloud  (self-hosted) ou o Sync.com.
    Eles oferecem criptografia e controle total sobre seus dados e no caso do Nextcloud, podem fazer selfhosting do mesmo. Utilizo á vários anos e não posso dizer melhor sobre o software.

  5. Redes sociais alternativas

    Considerem deixar de usar plataformas de redes sociais que armazenam e vendem os vossos dados. Existem alternativas mais éticas, como Mastodon, Diaspora, Lemmy e MeWe, que respeitam a nossa privacidade e dão controle sobre as nossas informações pessoais.
    Para os que tiveram google plus… sabem o que aconteceu aos vossos dados? Não? Aqui vai mais um link para ler sobre o tema.

  6. Hardware

    Se possível, deem preferência a dispositivos de hardware que respeitem a vossa privacidade. Empresas como Purism e Pine64 oferecem laptops e smartphones com foco na segurança e privacidade dos utilizadores. Este talvez seja o mais difícil de se conseguir devido a padronização do que é utilizado no nosso dia a dia.
    Alias, se formos a ver , até a Apple consegue ter melhor registo de privacidade do que a google. Afinal, o negocio da Apple não é data mining para publicidade como a google né?

Estas são apenas algumas sugestões para começar a abandonar o uso de plataformas que tratam os nossos dados como um produto a vender.
Se utilizam plataformas como as da google, lembrem-se que é uma questão de tempo até acordarem um dia, e saberem que a google fechou um serviço que dependíamos muito – google photos unlimited anyone? – e que agora acabou, nos deixa sem alternativa, e pior sem acesso aos nossos preciosos dados.

É importante lembrar que esta transição irá levar tempo e exigir alguma adaptação, mas é um passo fundam para proteger nossa privacidade e tomar o controle sobre nossas informações.

Se o serviço é gratuito, lembrem-se sempre que são vocês o produto.

 

Até ao próximo post. Um grande abraço como sempre e caso tenham duvidas, sabem onde me encontrar.
Nuno